segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Algumas amostras do outono no jardim.





Algumas plantas estão prestes acabar o seu ciclo, é o caso da Houttuynia cordata 'Chameleon' e do Muguet. Outas estão no apogeu da floração, como é o caso dos crisântemos e da ajânia. As árvores de folha caduca perdem as folhas. 

A cerejeira é o caso mais flagrante, mas a nectarina, a pereira e a macieira vão seguir-lhe o exemplo. O diospireiro ainda tem bastantes frutos (é de roer), mas as folhas já estão a cair. Também o medronheiro tem frutos (e flores!).
Os citrinos também estão carregados de frutos, estou a falar da tangerineira e do limoeiro.
O azevinho está fantástico, tem mais frutos do que folhas. O mesmo acontece com vários arbustos cotoneaster, embora alguns destes não percam as folhas.
Nas suculentas são sobretudo os Orostachys que se preparam para hibernarem.
Na horta ainda se colhem algumas alfaces, tomates, pimentas, alho-francês, nabiças, acelgas e beterrabas. Os pimenteiros, tomateiros e pepineiros não têm aguentado as agruras do tempo, com muita chuva e algum frio. 
As couve de penca vão crescendo, já com as folhas já bicadas pelos pardais. As galegas recuperam energias e têm que ser presas para que o vento não as tombe. Têm todas à volta de 2 metros de altura.
Alguns bolbos já estão bem despertos.

domingo, 12 de novembro de 2023

A minha aventura com as Pimentas

Jalapeno M em primeiro plano. Alecrim e alho no frasco.

O pessoal aqui em casa anda todo preocupado com as minhas conversas. Estão com receio que eu troque as suculentas pelas pimentas. Dizem que eu já não falo de outra coisa. Dou com eles a espreitarem para dentro das panelas com receio que eu nelas tenha depositado um “rebuçado”, como aqueles que eu muitas vezes ponho no meu prato.
As pimentas germinadas. Não foram transplantadas nesta altura.
Desde que tenho horta que gosto de ter um pé ou dois de pimentas (malaguetas), mais pelo aspeto decorativo do que pelo seu “apimentado” sabor. No entanto não desgosto de um ligeiro sabor picante e há anos que aprecio os frascos de guindillas em vinagre que o meu cunhado traz de Espanha, ou os pimentos picantes que o meu primo costuma ter na horta, lá na aldeia natal. Aqui em casa há sempre algumas malaguetas secas e um frasco com outras tantas, em azeite, que eu uso com ponderação, sempre que um prato me faz salivar, antes de me sentar à mesa.
Em agosto arranquei as cebolas e plantei as pimentas no mesmo local,
Este ano decidi ir um pouco mais além e comprei uma saqueta de sementes de Jalapeno M (Capsicum annuum). Com algumas variedades de frutos de pimenta que por aqui tinha, semeei 6 variedades distintas, no fim de março, quando o tempo ficou mais favorável. A sementeira foi feita em cuvetes plásticas, para depois proceder ao transplante.
Pimentas já bem desenvolvidas. Crescem de acordo com a variedade.
As coisas não correram muito bem, com as pequenas plântulas a serem comidas prematuramente. No final de abril as minhas plantas não tinham tamanho suficiente para serem transplantadas e comprei três pés de malaguetas, juntamente com algumas alfaces, uma vez que a horta já estava completa. Em maio ainda eu andava de volta das plantas e só no início de julho, quando arranquei as cebolas, fiquei com campo livre para transplantar as pimentas, já com algum desenvolvimento. 
Marmelada com pepitas de pimenta.
O meu conhecimento sobre as pimentas, que para mim sempre foram malaguetas, era muito pouco. Tudo o que eu sabia sobre as variedades por mim semeadas limitava-se à forma, ao tamanho e à cor do fruto. Como me tinham dado os frutos, nem sabia como eram as plantas. Foi nessa altura que aderi ao grupo Pimentas&Malaguetas e começou a minha preocupação. As minhas pimentas seriam Capsicum annuum, chinense ou frutescens? Será que teriam o pheno da espécie? Qual seria o seu teor de ardência na escala de Scoville? Seriam nucleares? O que é isso de placenta? F1? Quanto mais reviews eu via, mas insignificante me sentia e… comecei a ler sobre o assunto. Foi aqui que a família começou a ficar preocupada…
As sementes na marmelada à direita são meramente decorativas, não dão sabor.
Adiante, se não este texto nunca mais dá fruto… 😁
As plantas desenvolveram-se bem no solo e aos poucos fui plantando mais até esgotar todas as que nas ceram. Foi muito entusiasmante vê-las florir e dar frutos. Em vez das 7 variantes que deveria ter, 6 que semeei e mais uma que comprei, parecia-me que tinha mais de uma dúzia de frutos diferentes.
Vários frascos com pimentes, em azeite ou em vinagre.
Os primeiros a desenvolverem-se foram os Jalapeno. Sabia que podiam ser consumidos em verde e quando dei uma trinca num fiquei surpreendido. São carnudos, suculentos, estaladiços e, a maioria não tem ardência nenhuma, pelo que comecei a come-los na salada juntamente com outros vegetais da horta. Estava convencido que apenas ficariam picantes quando estivessem maduros, mas não aconteceu. Mesmo maduros o ardor é mínimo, ou nenhum.
Jalapenos maduros
Comecei a provar outras pimentas. Eu gosto mesmo das pimentas frescas, talvez seja porque, para mim o ardor não é um fator importante, mas sim o aroma, a suculência e a frescura.
Sei, agora, que as sementes não “picam”, que o fruto vai aumentando de ardor da ponta para o pedúnculo e que o “perigo” está na tal placenta, onde as sementes estão agarradas. Ora, como no amanho dos pimentos se retira a placenta (caroço) juntamente com as sementes, se fizermos o mesmo com as pimentas retiramos-lhe a sua identidade ou seja o seu ardor. As sementes devem ser retiradas, pois dão mau sabor, mas a placenta deve ficar.
Composição do frutos
A capsaicina é a principal substância responsável pela pungência ou ardor das pimentas. Internamente provoca a libertação de endorfinas, que combatem a dor e promovem a sensação de bem-estar. Assim, após a dor vem o prazer e não é surpreendente dizer-se que as pimentas provocam um certo vício. Quando a ardência é em demasia não se deve beber água porque a capsaicina não é solúvel em água, mas sim leite. A capsaicina é solúvel em álcool e em gordura, daí o usar-se azeite nas misturas. Para lavar as mãos também é mais eficiente óleo ou álcool e depois lavar com sabonete e água.
Bolivian Rainbow depois de maduras
Outra coisa que me intrigava era a designação de pimentas decorativas. O facto de serem decorativas não lhe retira nenhum valor como condimento, apenas lhe confere uma certidão de beleza, que faz com que estas pimentas também sejam cultivadas em vaso, muitas vezes apenas pela sua beleza e não pela sua utilidade. Está neste grupo a Bolivian Rainbow cujos frutos nascem roxos, passam por creme, amarelo, laranja, até chegarem a vermelho, quando maduros. Pode ser decorativa mas tem muita ardência, quando comparada com outras que não são decorativas.
A produção a sério só começou no final de agosto, mas prolongou-se por todo o setembro, outubro e as plantas ainda estão cheias de frutos em novembro.
Que utilidade a dar aos frutos? Só eu é que gosto de picante aqui em casa, assim é fácil - como é que eu gosto do picante? Como sempre gostei, diluído numas gotinhas de azeite. Não correu muito bem um frasco que enchi, no ano passado. Fermentou e ficou com um sabor desagradável. Voltei a usar o mesmo procedimento, mas, em vez de usar unicamente azeite, também coloquei algum vinagre, que impede a fermentação. Há quem defenda a utilização de óleo em vez de azeite, uma vez que o óleo não ganha ranço e o azeite sim, mas isso é se lhe derem tempo para ficar rançoso. Eu acho que acaba entes de ficar rançoso. 
Também há muita gente a colocar as pimentas em bebidas alcoólicas, quanto mais alcoólicas melhor. Serve tudo, bagaço, whisky, rum, vodka… não gosto. Até o cheiro me incomoda, quando estou a comer. O que é que eu coloco juntamente com as pimentas? Tenho experimentado várias coisas: alho, loureiro, alecrim, sal e mesmo algumas ervas aromáticas secas como tomilho, orégãos, poejos etc. Antes de passar uma semana já estou a provar e normalmente já está agradável, como já disse não gosto de muito picante. Tiro a maioria das sementes, mas não é uma coisa que me incomode. 
Jalapeno com chouriço e queijo 
Os Jalapeno são muito versáteis. Como não têm ardor (estes meus), não os tenho colocado em azeite. Além de os comer em fresco, na salada, já os assei, fiz picles e experimentei recheá-los com chouriço e queijo e levá-los ao forno. Ficaram sempre saborosíssimos!
Jalapeno com chouriço e queijo 
Andaram aqui por casa alguns quilogramas de marmelos sem sabermos o que fazer com eles, assim surgiu a ideia da marmelada picante. Foi feita a marmelada “normal” há qual foram juntadas algumas pimentas inteiras. Antes de passar a marmelada com a varinha mágica foram retiradas e partidas em pedaços, manualmente e posteriormente acrescentadas à marmelada, já pronta, antes de ser colocada nos recipientes. A ideia é que ficassem pedaços de pimenta visíveis dentro da marmelada. Depois de feita, fez-se a prova, o sabor a picante era mínimo. Acrescentei alguns pedaços de pimenta por cima. Como a marmelada vai ser congelada, não há problemas com a conservação. 
Como nos Santos me deram mais alguns quilos de marmelos, estou a pensar fazer nova tentativa, duplicando a quantidade de pimentas.
Jalapeno verde, são muito carnudos
A forma mais simples para guardar as pimentas é enfiá-las numa linha e pendurá-las para que sequem. Também tenho algumas assim.
Ainda gostaria de experimentar a triturar as pimentas juntamente com alguns ingredientes e fazer massa de malagueta, mas com os frutos frescos. Há quem defenda que alguns sabores se intensificam quando as pimentas secam mas eu ainda não cheguei a esse ponto. As pimentas podem ser desidratadas no forno ou num desidratador de alimentos.
Várias pimentas
Com toda esta atenção que dei (e a ainda continuo a dar) às pimentas, o meu entusiasmo aumentou e já estou a preparar o próximo ano. Conheço melhor o cultivo e o culto das pimentas que é enorme em todo o mundo. Das centenas de espécies que se conhecem há em Portugal um grande número de fãs e a possibilidade de comprar sementes das mais “vulgares” às mais exóticas. Há frutos de todas as formas e cores sendo as mais apreciadas as mais “feias”. Têm frutos que já revolvem o estômago só de olhar para eles. As plantas com frutos mais ardentes produzem menos sementes e a germinação também é mais difícil.
Várias pimentas
Tal como na jardinagem há sempre a possibilidade da cedência e da troca. Tenho amigos mais aficionados que eu que já fazem cultivo forçado, cruzamentos e lidam com dezenas e dezenas de espécies. Já tenho um conjunto muito interessante de sementes e penso no próximo ano ter uma dúzia de variedades, mais multicolores, quem sabe até frutos variegados, que é uma das últimas tendências. Isto, sempre sem esquecer o potencial ornamental que estas plantas têm.
A preparar as pimentas para 2024

sábado, 28 de outubro de 2023

Jardim todo o ano - Outubro

Com o mês de outubro prestes a terminar, ganhei finalmente coragem para escrever algumas linhas sobre a horta/jardim dentro do tema “jardim todo o ano”.
O mais marcante deste mês foi, e é, sem dúvida, a mudança climática, com dias frios e muita chuva, em semanas inteiras. Isto, mais do que novidades, trouxe falta delas, ou por inatividade do jardineiro, ou por fraco desenvolvimento das plantas.
No jardim reinaram as dálias, com os crisântemos a fazerem-lhe concorrência no final do mês. As roseiras não podem ser esquecidas! Com uma manutenção cuidada ao nível do corte das flores mortas, elas mantêm-se em floração durante muitos meses. Curiosamente as rosas ganharam novas colorações e até alteração de formato, desde que o tempo fresco chegou. Às gazânias faltou o sol, embora tenham botões e folhas bonitas. O mesmo aconteceu às Margaridas-do-cabo e às Onze-horas. 
Ao longo do mês a Anémona-do-Japão (Anemone hupehensis ou Eriocapitella hupehensis) foi a novidade. Embora seja só um pequeno pé, deitou mais de uma dúzia de flores. Mereceu muitas fotografias, não só pela novidade, mas também pela beleza das flores. Não houve um dia só que eu não a visitasse. Também a salva-ananás floriu durante este mês. Tal como a salva (normal) é um arbusto que pode atingir um metro de altura, com caules que vão progressivamente ficando lenhosos. Todos os anos a corto rente à terra, mas rebenta, com bastantes hastes e durante o mês de outubro enche-se de flores vermelhas. Dizem que atrai os beija-flores, mas não temos disso em Portugal! O nome salva-abacaxi/ananás vem-lhe do aroma que liberta. Já mastiguei algumas folhas, mas não senti nada de agradável (nem desagradável). Não sou louco, as folhas são comestíveis e têm vários ácidos usados no fabrico de óleos. Também são usadas na medicina tradicional de alguns países (ansiedade e hipertensão). As possibilidades de utilização desta planta são muitas: “A salva ananás é um excelente aromatizante para bolos e doçaria, refrescos, batidos, saladas, gelados e licores. Esta erva aromática também combina com carne de porco, pato e legumes. As flores da salva ananás são comestíveis e combinam em saladas.” O nome científico é Salvia elegans e já tenho ouvido chamar-lhe “salva de jardim”. Há outras salvas, bastante semelhantes (por exemplo Salvia microphylla) que são bastante usadas em jardinagem, nomeadamente em jardins públicos.
O mês de outubro também foi marcado pela aparição de muitas plantas bolbosas, que durante o verão estiveram camufladas: torrões-de-açucar, anêmonas, frésias, esparaxis, tritónias, babianas, ranúnculos, ixias, etc.
Outras plantas alegraram outubro com flores: Argyranthemum, Campanula portenschlagiana, Solanum rantonnetii, Tagetes, Petúnias (sim, resistentes ao frio), Scabiosa, sécias, Antirrhinum e mesmo alguns gerânios. 
Nas árvores de fruto o mês foi de acalmia. As de folha caduca começam agora a perder a folha, mas muito lentamente. O limoeiro deu flores, a tangerineira perdeu alguns frutos, o diospireiro brilhou! Nunca o diospireiro conseguiu levar até ao fim tamanha quantidade de frutos! São tantos que tive medo que os frágeis ramos partissem. A árvore é jovem (cerca de 5 anos) e não chega a dois metros de altura. São diospiros de roer, típicos desta época. Temos comido frutos diariamente mas a maioria ainda está na árvore. Os pássaros cedo os descobriram e também têm aproveitado. Este será um ano memorável em cerejas, nectarinas, maçãs, peras, uvas e diospiros. Ainda é mais surpreendente pelo facto de eu não fazer qualquer tratamento fitossanitário! Este ano nem enxofrei as videiras!
Abati quase todos os pés de fisális. Crescem como “castanheiros” e já estavam a abafar o limoeiro, que até nem é das plantas mais fáceis de vencer. Continuo ter alguns frutos e muitas, muitas flores. Esta é uma espécie que nasce em quantidade em todo o espaço da horta, graças aos frutos verdes que vão parar à compostagem.
Na horta houve poucas novidades. A maioria das culturas entrou no outono como se de verão se tratasse. Tomateiros, beringelas, pimenteiros, pepineiros, acelgas, beterrabas, pimentas, alfaces, tudo parecia estar “na paz do Senhor”! De repente faltou-lhe o sol e apanharam vários encharcamentos, porque a chuva foi muita. É a época das nabiças e das couves de penca. Como a horta estava bonita, sobrou pouco espaço para estas duas culturas. Têm tido alguma dificuldade em se desenvolverem principalmente por causa dos pássaros e das lagartas que gostam das suas tenras folhas. Continuamos a colher tomates, pepinos, pimentos, caldo-verde, … só as alfaces têm faltado, por crescimento insuficiente.
Na horta, este ano, um dos destaques vai para as pimentas (por mim chamadas malaguetas). Semeei 5 variedades e comprei plantas de uma sexta. Tem sido um divertimento, colher, provar e tentar conservar a produção conseguida até agora (ainda estarão a meio da produção). Tenho provado as pimentas à dentada, para arrepio dos restantes membros da casa. Tenho comido os Jalapeno (pimenta carnuda e suculenta) na salada, tal como faço com o tomate, pepino e pimento. São ótimos e o ardor mínimo. Já fiz picles e várias misturas com base em azeite (de produção própria) e algumas plantas aromáticas. A base tem sido a experimentação e começo a ficar preocupado com o próprio entusiasmo. Contatei um amigo, que julguei apenas curioso na matéria, que já me mandou uma lista com 58 pimentas diferentes(!), para ou dizer as sementes que quero para sementeira no próximo ano! Coitadas das suculentas, será que é desta que vão passar para segundo plano?!
Nas aromáticas não há novidades. Algumas produções têm ido para a compostagem, porque, mesmo a secar e guardar, e a distribuir por colegas, amigos e vizinhos, a hortelã, hortelã-pimenta, cidreira, salva, salsa, alecrim e poejos têm sido em excesso.
Não têm sido fácil manter vivos os orégãos que consegui no verão. Tive receio de os plantar no chão e que eles se espalhassem descontroladamente, mas, nem no chão, nem em vaso, estão com grande cara.
O levístico deu grande quantidade de sementes. Espero que não tenha o mesmo comportamento da salsa, que nasce mais do que as ervas daninhas!
Cortei as alfazemas tarde e de forma muito radical. É possível que alguns pés não sobrevivam. Também estou com vontade de cortar o loureiro antes que se forme uma grande árvore. Tenho tentado obter outra planta com estacas, em vaso, mas não tive sucesso até agora.
Durante o mês de outubro foram as suculentas que me deram mais trabalho. Muitos vasos e floreiras já foram “montados” há alguns anos e precisaram de manutenção. Também tive um ataque sem precedentes de larvas. Contrariamente àquilo que é recomendado, uso substrato universal para as suculentas. Inicialmente juntava bastante areia, mas o meu stock já terminou faz tempo. Substratos ricos em matéria orgânica e muita humidade são fatores atrativos para os insetos que fazem as suas posturas nos vasos. O mais provável é tratar-se de gorgulho da videira (Otiorhynchus sulcatus). Já tenho encontrado os insetos adultos, mas o problema está nas larvas que se alimentam das raízes e caules das suculentas até causarem a sua morte. As Echeverias são as que mais sofrem. Comem o caule até ao olho, não havendo possibilidade de salvação, caso não seja detetado quando a planta ainda tem alguns cm de caule.
Podemos “sentir” se as plantas estão saudáveis agarrando-as por uma folha e puxando. Se a planta se liberta do solo e não têm raízes, possivelmente temos esse problema e, no mínimo temos que arrancar tudo e substituir o substrato. Curiosamente não tocam nas raízes das plantas de alguns Géneros botânicos! Nunca tive um problema tão grave como este ano.
Os verões são épocas críticas para os Aeonium. Não gostando nós de os ver ressequidos, temos tendência para os regar, matando-os. Por isso é com satisfação que vemos chegar o outono, pelo menos no que toca a Aeonium. Se sobreviveram, despertam e entram em atividade. O Starburst está quase extinto (com pena minha), mas tenho meia dúzia de espécies novas, que me estão a dar muito entusiasmo. Durante o mês de outubro puseram-se bonitos, não os largo nem um minuto!
Outubro também é o mês das Greenovia. Passei o verão preocupado e aos primeiros sinais de mudança apresso-me a fazer propagação, às vezes usando rosáceas menores do que um grão de milho. Planto Greenovia por todos os vasos e floreiras. Algumas não sobrevivem, mas, por norma elas agarram-se à vida e tornam-se bonitas plantas, tendo um crescimento proporcional ao espaço que lhe destinamos. Eu destino-lhe sempre pouco.
Nas mudanças de substrato sobram sempre plantas. Tenho distribuído mudas no meu local de trabalho, para não aumentar o número de vasos (ou de latas). Fico deprimido quando vejo ir algum rebento para a compostagem, mas dou comigo a catar as folhas de algumas espécies, simplesmente para que não caiam de deem novas plantas. Por exemplo a Graptoveria titubans, se não apanhamos a folhas e as pusermos na compostagem, em pouco tempo ficaremos com centenas e centenas de plantas dessa espécie. 
Alguns dos meus “arranjos” passaram maus bocados durante o verão. Não pela seca, mas porque sempre que saí por alguns dias os encerrei na churrasqueira para que os melros não os desfizessem. Tenho tentado recuperá-los, esperando que o musgo cresça e as plantas ganhem de novo forma agradável.
Por falar em melros, eles continuam a rondar o casa, mas eu já não os deixo dormir no jardim. Alterei os meus hábitos e desde Agosto que me levanto antes do nascer do sol. Já têm feito estragos enquanto vou à casa de banho, ou tiro um café! Já não aprecio o nascer do sol, ou tomo o pequeno-almoço na rua. Já faz frio. Mas tenho conseguido minimizar os estragos, que aconteciam mais frequentemente ao raiar do dia. 
O que nós não fazemos pelas nossas plantas!...

sábado, 30 de setembro de 2023

Jardim todo o ano - Setembro

As chuvas que caíram no fim de agosto e no início de setembro vieram despertar o aprendiz de jardineiro, que passou o mês de agosto em compasso de espera, combatendo o calor, com a água possível.
Como já disse anteriormente, aqui o calendário é marcado pelas festas da Senhora da Assunção, uma das maiores romarias da região, que acontece a 15 de agosto. Normalmente coincide com a altura das primeiras chuvas que precipitam a lavra dos campos, a sementeira das nabiças, a plantação das couves tronchudas, etc. Não choveu na Senhora da Assunção, mas choveu no final do mês e o efeito foi o mesmo, mudanças na hortas, nos campos e nas plantas do jardim.
Os tomateiros que comprei, coração de boi, ficaram atrofiados. Valeu-me os tomateiros que nasceram em quantidade, de forma espontânea, por toda a horta. Fruto de cruzamentos são pequenos, mas em quantidade, o que fez com que este fruto não tenha faltado. Também não têm faltado pimentos, grandes e bonitos. A trovoada tombou alguns pés, porque são muito altos e têm muito peso dos frutos. Courgettes não vi nenhum, de 3 pés que plantei, mas em contrapartida os pepinos são em quantidade. Cada vez apreciamos mais os pepinos. Dos repolhos já poucos restam. Algumas couves roxas, de que gostamos na salada. Estão quase a terminar as cenouras. Houve uma boa produção.
Este ano inovei nas malaguetas/pimentas. Já vos contei da “vergonha” que passei num Grupo sobre pimentas, quando cheguei à conclusão que não sabia nada da “poda”. Comprei alguns pés de malagueta e semeei mais 5 qualidades de pimentas que tenho espalhadas por tudo quanto é sítio, desde a horta, aos vasos de suculentas, passando pela churrasqueira. Já comecei a colheita e já fiz um frasco de molho “à minha moda”. No dia seguinte o azeite já picava! Noutra altura darei notícia da evolução das pimentas.
Já plantei as couves de penca. Poucas, porque couves não é coisa que me agrade no prato. Sou mais amante das leguminosas, mas há sempre grandes couves galegas que chegam a vários metros de altura. Uma feijoada à transmontana tem que ter couve galega.

As aromáticas estão muito frescas e crescidas. No jardim serrei um alecrim grande porque o canteiro já parecia uma floresta. Também serrei parte do maçaroco da Madeira. Estava gigantesco e nunca me deu flores. Cortei as alfazemas.
Para não deixar estragar, cortámos o levístico, coentros, poejos, manjericão e várias variedades de tomilho para secar e triturar (tarefa da esposa). Não necessitamos, porque temos quase tudo em fresco, mesmo ao lado da cozinha, mas é para não deixar estragar.
Plantei orégãos, que arranquei num relvado na cidade de Orense. 🙂
Na horta há ainda acelgas, rúcula, alfaces, alho-francês, espinafres, muitas beterrabas, fisális,…
Também nasceram de forma espontânea alguns pés de melancia. Os frutos estão grandes, mas temos dificuldade em saber quando estão prontos para colher.
No que toca às suculentas, são já bem visíveis a mudanças. Embora atribuamos muitas vezes estas mudanças às alterações de temperatura, ou de humidade, as plantas são muito mais sensíveis às mudanças da duração do dia. O fotoperíodo (tempo de luz) é o calendário das plantas. Tenho-me levantado todos os dias antes do sol nascer (para guardar as suculentas dos melros) e noto alterações de dia para dia. Os dias são muito mais curtos e o sol “descreve um arco” cada vez mais baixo.
Muitas suculentas sofreram efeitos do granizo. A destruição não foi grande, mas é notória, principalmente nas Echeveria. Os Aeonium despertaram e em breve vão voltar a ser estrelas.
Alguns bolbos também já despertaram! Os primeiros foram os muscari mas agora já noto rebentos de açucena, frésias, tritónias, anémonas e até beijinhos-de-mãe.
Quanto a flores, não há muita quantidade, mas há alguma variedade. Estão em força as sécias; ainda reinam as onze-horas; há gazânias em flor, mas tenho-as cortado para que renovem. As roseiras nunca param de dar flores. Faço poda constante desde a primeira floração, o que provoca rebentamentos e novas florações. Estão carregadas de botões. As dálias também estão em plena floração.
Floriu uma planta nova no jardim. Trata-se de uma anémona-do-japão. A planta já me foi dada há alguns anos e pensei que tinha morrido. Só me apercebi dela quando vi uma haste floral que cresceu até perto de 80 cm de altura.
Nas fruteiras, o diospireiro tem perdido muitos frutos, mas ainda tem uma quantidade aceitável. Espero que os mantenha. Estão boas para apanhar as maçãs Golden. A macieira tinha demasiadas e não cresceram muito, mas são extremamente doces e sumarentas. Até agora só temos apanhado as que caem ao chão. Os canários também gostam de maçãs (e de couves!). Gasto todas as manhãs 3 maçãs, colocando um “gomo” em cada gaiola.
Como próximas tarefas: semear algumas nabiças. Quer os grelos, quer os espigos são importantes na dieta a que estamos habituados. Quando o frio vier, uma alheira assada nas brasas, num prato de batatas cozidas e grelos é um dos nossos pratos mais tradicionais.
Também há uma tarefa que nunca acaba, ... renovar o substrato nalguns vasos das suculentas. Todos os anos há ataques de larvas, que comem as raízes das suculentas. Tenho algumas floreiras com esse problema.