segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Jardim todo o ano – Janeiro


Janeiro é também um mês de floração das orquídeas

Janeiro é, sem dúvida, o mês em que quer a horta quer o jardim estão mais despidos. São poucas as espécies que crescem e menos as que florescem nos meses mais frios, mas o inverno é atípico e passam-se coisas muito anormais para esta época do ano.
Aeonium arboreum Zwartkop - Tem estado protegido do frio e do sol
No que toca aos canteiros de jardim é de salientar o surgimento dos bolbos plantados no outono: frésias, aémonas, jacintos, gladíolos, tulipas, crocus, muscari, açucenas, etc. É um mês de mudança, quando outra vida desperta. Os poucos espaços do jardim que aparentavam estar vazios ganham vida e redobra-se a esperança de uma primavera farta de flores.
As últimas rosas, antes da poda das roseiras

Talvez fruto do inverno atípico, completamente seco e até algo ameno no que toca a temperaturas negativas, há espécies que continuam em flor, quando deviam ter desaparecido. Estou a falar de crisântemos, cravos-túnicos ou bocas-de-lobo. Tenho crisântemos completamente floridos! Nalguns forcei o seu final, cortando-os pelo colo para estimular a rebentação, mas outros tinham tantos botões que tive pena de os cortar e continuam floridos não imagino até quando.
Cravos-túnicos (tagetes)


Também os cravos-túnicos (tagetes) estiveram sempre e continuam em flor! As suas flores foram mudando, estão hoje mais amarelas e perderam quase toda a cor bordeaux, mas estão lá, enfeitando o jardim.
Sedum palmeri e Cotyledon orbiculata

Finalmente podei as roseiras. Aproveitei as últimas rosas para oferecer à cara metade, que fez anos em meados de janeiro. Já se notavam alguns rebentos e por isso tive mesmo que podar. Dei algumas estacas, a restante madeira foi cortada em pedaços de 15 a 20 cm e vão servir para acender o recuperador de calor no próximo inverno. Todas as folhas foram para a compostagem. 
Bocas-de-lobo

Foi ao podar as roseiras que o jardim se mostrou mais despido. Esta fase também é necessária. Sob as roseiras crescem muitas outras espécies. Quando as roseiras ficam sem folhas é uma oportunidade que têm de receberem mais luz, que este inverno não tem faltado. Luz há muita, mas falta a chuva. Reguei o jardim com alguma regularidade, mais ou menos uma vez por semana, durante todo o mês de janeiro. O solo estava seco e notava alguma dificuldade nos bolbos em irromperem da terra. A rega permitiu humedecer a terra e amaciá-la, tornando o processo mais fácil.
Sedum album 'athoum'

Este ano também estou a dar mais atenção às orquídeas. São flores de que é impossível não gostar. Janeiro também é mês de floração deste género. Os meus exemplares estão bastante fracos. Acho que ainda tenho muito que aprender. No entanto duas plantas já floriram e espero mais flores em breve.
A Epidendrum cinnabarinum não estava a aguentar as temperaturas exteriores. Tive que a recolher, mas ainda sofreu bastante nas folhas jovens. Não sei se vai florir.
Crassula ‘Springtime’

Na horta também aconteceram coisas invulgares. Andei a comer tomates, sem qualquer processo de conservação, durante todo o mês. Os que colhi depois das primeiras geadas foram deixados no exterior e aos poucos foram ganhando cor. Mesmo sem o mesmo sabor não foram desperdiçados. Ainda houve muitos que foram parar à compostagem e já estou à espera de no próximo verão ter uma nova invasão de tomateiros a surgirem por todos os lados.
Echeveria elegans

Plantei os alhos em janeiro! Estive à espera de chuva, que não chegou em dezembro, nem em janeiro. Farto de esperar, optei por plantar os alhos. Durante o mês fiz várias regas e acabaram por “nascer” bem. Nunca me tinha passado pela cabeça, ter que regar os alhos para eles brotarem! 
Colar-de-rubis (Othonna capensis)

Arranquei as últimas cenouras. Na terra restam os alhos franceses, couves galegas, tronchudas, brócolos e nabiças. Começam a desenvolver acelgas e a despontar rúcula. As plantas aromáticas também estiveram em pausa. Estão situadas numa zona de sombra e tiveram fraco crescimento.
Podei as fruteiras com exceção dos citrinos. O pessegueiro recuperou depois de dois anos em que esteve bastante doente com lepra. Tem boa madeira e promete muitas flores. Nem sempre muitas flores equivalem a muitos frutos, mas é um bom começo. Da pereira e na macieira não me posso queixar, 2021 foi um ano excecional, melhor é impossível.
Cotoneaster franchetii

Mantive as tangerinas na árvore até há poucos dias. Isto também porque me têm dado muitas e fui guardando as minhas para quando faltassem. Já estavam a cair ao chão e decidi apanhá-las todas (a árvore é pequena). Foi a única fruta que os pássaros não decidiram comer! Não devem gostar de sabor.
No que toca às suculentas, estão felizes e eu também. Ainda não houve geadas que causem danos elevados. As únicas baixas são naquelas que estão protegidas na churrasqueira! Mesmo sem rega, algumas melaram e as folhas apodreceram. 
Orostachys e Sedum forsterianum

Como estou a testar a utilização na manta térmica, fico sem saber se ela é realmente eficaz. O inverno tem sido anormalmente ameno e mesmo os Kalanchoe têm aguentado em exterior, sem qualquer proteção. Face às temperaturas amenas e dias soalheiros comecei a mudar o substrato de alguns vasos e floreiras feitos há vários anos. Mesmo com poucas exigências de solo as suculentas ficam muito tristes quando ficam mais de três anos com o mesmo substrato. Acho que ao segundo ano atingem o máximo, e depois de três o substrato deve ser mudado. Isto não se aplica aos Aeonium que podem ficar mais anos. Já alguns Sedum e Orostachys pode ser benéfico replantá-los todos os anos.
Os Sedum que perdem a parte aérea durante o inverno estão a regressar: Sedum vistoso, Sedum lineare variegatum, Sedum 'Lime Zinger', ou Sedum takesimense 'Atlantis'.
Crisântemos ainda floridos

As estrelas do tempo frio são os Aeonium (e Greenovia). Há algumas espécies que ganham tonalidades bonitas com o frio. Uma delas é o Sedum luteoviride e outra é o Sedum palmeri. Ao fim de alguns anos quase deixamos de reparar neles! É pena, porque são bastante bonitos.
Os Orostachys estão a despertar. Tal como disse anteriormente, acho positivo arrancá-los, limpá-los e plantá-los de novo. Já comecei a fazer isso, mas há Orostachys espalhados por todos os vasos e até já estão a chegar aos canteiros.
Tangerinas, apanhadas em janeiro

Esta é um pouco da história de janeiro, um mês de espera. Espera pela chuva que teima em não chegar, pelo fim da pandemia que tem registado infeções record na região, espera um clima normal, por uma vida normal seja lá o que isso é. Sempre resta a horta/jardim para largos momentos de evasão e felicidade.

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