sábado, 9 de agosto de 2025

Um ano de pimentas

Comi há poucos dias a primeira pimenta deste ano, uma Pequin, a que a maioria das pessoas chama gindungo.  Isto sem contar com os pimentos Padrón, que já estão bons há bastante tempo.
Quem está atento, já sabe que as pimentas, do género Capsicum, são plantas perenes, embora cultivadas como anuais. Então, para começar as minhas reportagens sobre as pimentas tenho que recuar ao inverno passado, fazendo a ponte para este ano.
Das muitas variedades de pimentas que tive o ano passado, um pouco mais de duas dezenas de plantas estavam em vasos, o que me permitiu guardá-las, com alguma proteção.
Em novembro ainda eu tinha as plantas em plena produção. Em dezembro estavam no terreno e só colhi os últimos frutos no final desse mês. 
Em janeiro as plantas em vaso foram colocadas na churrasqueira, um espaço fechado, embora não aquecido. Apanhei todos os frutos das que ficaram ao ar livre, mas não das que estavam na churrasqueira. Ainda tentei proteger algumas do exterior com manta térmica, mas não foi suficiente, a geada acabou por queimá-las.
A meio de janeiro fiz a última conserva, uma massa de pimentas, muito boa, que ainda hoje ando a comer. Também dei alguns frascos (que sorte teve quem os recebeu!).
A meio de janeiro, andava eu a preparar as coisas para fazer a sementeira das pimentas e ainda colhia alguns frutos das plantas na churrasqueira! Em março tinha alguns frutos de Rocoto, Aji Lemon Drop e Mustard Nagabrain. Ao ar livre a Pequin era única que continuava a dar frutos, e assim continuou até hoje.
Das plantas protegidas nem todas sobreviveram e apenas uma manteve as folhas todo o tempo. Tirei-lhe o último fruto em maio! Não tenho a certeza na sua identificação.  Entre as mais resistentes estão as 'Bishop's crown', Brazilian Starfish, Pequin e alguns Rocotos. Curiosamente a delicada Capsicum Praetermissum foi uma das que sobreviveu, bem como a Karneval yellow. Ao todo, sobreviveram 15 plantas nos vasos.
Sem qualquer proteção, plantadas no terreno sobreviveram as Pequin e 'Bishop's crown'.
Em abril germinaram as primeiras sementes. Usei tabuleiros de germinação, com iluminação artificial Led, mas sem aquecimento. Diria que a germinação correu bem! Sem experiência, coloquei em cada cuvette 6 a 8 sementes de cada variedade sendo que, da maioria, germinaram todas. A exceção foi para os Rocotos
Quando as pequenas plantas já tinham algumas folhas, retirei-lhe a luz artificial e esperei que ganhassem alguma robustez para as transplantar para copos individuais. Esperei, esperei e desesperei. As plantas não cresciam, antes pelo contrário. Deduzi que havia demasiadas plantas, para os pequenos espaços e retirei algumas, mas nada de se desenvolverem. 
Em maio os melros entraram na churrasqueira e fizeram algum estrago, nas pimentas e nas suculentas mais delicadas e quase estive para desistir.
Entretanto, em março fiz algumas sementeiras de plantas aromáticas, na escola, num projeto que desenvolvi com alunos. As pimentas (Bolivian rainbow) não só germinaram bem, como cresceram que foi uma maravilha. Esse sucesso levou-me a insistir e comecei a regar as minhas pimentas de casa com adubo líquido. Deu-se um milagre!
Perdi muito tempo, entre um mês e um mês e meio, em que as plantas não desenvolveram, mas o entusiasmo voltou.
Nesta aventura da descoberta das pimentas não estou sozinho. O meu guru é o Jorge Pinto, grande entusiasta e conhecedor, a quem recorro e a quem devo quase tudo do que já descobri. Com o seu conhecimento e tecnologia já tinha as plantas grandes, em vasos individuais, prontas a colocar no local definitivo. Em junho fiz-lhe uma visita (a 25 km daqui) e não vim de mãos a abanar! Por mais que eu diga - Não tenho espaço - a resposta é sempre - Esta tem que ter!
Foi também nessa visita que fiquei a conhecer o “caldinho”. À hora de almoço levou-me a um bar onde virámos alguns copos… de caldinho… acompanhados com cerveja! Estão a ver como será o caldinho? Picante, é claro.
Plantei as plantas mais desenvolvidas em vasos definitivos (a 14 de junho) e fiquei com as mais pequenas para ir distribuindo pela horta à medida que algum espaço fosse vagando. Foi isso que aconteceu com o canteiro das cebolas.
Neste momento posso dividir as minhas pimentas em 4 grupos: 
O primeiro grupo é o das plantas que transitaram do ano passado. Iniciaram a floração mais cedo e algumas já têm frutos praticamente maduros. Nem todas rebentaram com o mesmo vigor. Mesmo entre os Rocotos, alguns já têm frutos a ficarem vermelhos, outros ainda estão a lançar as primeiras flores. Os Rocotos plantas são grandes. Este grupo de plantas está praticamente todo em vasos e são variedades que já tive no verão passado.
O segundo grupo é o das plantas oriundas no amigo Jorge. Estão com flores e algumas já cheias de frutos. Tem havido flores que caiem, julgo eu devido ao excesso de calor que se tem sentido. Aqui estão as novidades, com variedades muito interessantes. Estão em vasos.
O terceiro grupo é constituído por plantas germinadas por mim, que estão no solo, da horta, já com flores e algumas com frutos. Foram plantadas em julho, conforme a disponibilidade do espaço. São variedades que já tive o ano passado, produziram frutos, dos quais retirei sementes. Das variedades que tive o ano passado, à volta de uma dezena, não deram qualquer fruto!
O quarto grupo são plantas ainda pequenas, em copos, que têm um destino incerto. Neste momento, a retirar da horta, só alho francês, o que significa que o espaço está praticamente todo preenchido. A patroa já me lembrou das nabiças, e das couves de penca, mas não me quer contrariar com as pimentas.


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