sexta-feira, 7 de abril de 2023

Crassula ‘Springtime’

As flores das suculentas são muitas vezes pouco atrativas. Há mesmo casos em que as pessoas nunca as viram, de tão minúsculas e insignificantes que são. Nas Peperomia por exemplo. Há também plantas em que todo o seu esplendor está na flor. É o caso dos Lampranthus, que entraram agora em floração. Mas há também um conjunto de suculentas muito bonitas e que ficam mais bonitas ainda quando florescem. É o caso da Crassula ‘Springtime’. O nome diz tudo... é uma autentica primavera. O Género Crassula é muito extenso e variado, mas esta, é uma daquelas que vale a pena ter.
É uma planta pequena, máximo 20 cm, com folhas carnudas num caule semilenhoso. O seu crescimento é lento mas parece suportar razoavelmente o frio. Tive alguns exemplares que aguentaram o inverno sem qualquer proteção. Isto depois de ler que são muito sensíveis ao frio.
Deve ser cultivada ao sol, ou meia sombra. O exemplar da fotografia está em interior, à frente de uma vidraça onde apanha sol várias horas por dia.
A planta tem tendência para ser pendente, isso deve-se ao peso das folhas.
Pode ser propagada por divisão da touceira, por mudas em estaca, mas também por folha.
As suas flores são vistosas, formam densos cachos, cor-de-rosa pálidas e perfumadas com centro vermelho.
Esta planta não existe na natureza. É um hibrido criado a partir Crassula rupestris.

Muscari - Muscari armeniacum

Estamos habituados a ter nos nossos jardins plantas originárias dos quatro cantos do mundo, mas não deixa de ser interessante quando temos plantas autóctones, da Europa ou do Mediterrânio, como é o caso do Muscari. Temos na nossa flora autóctone dois muscari: o Muscari comosum é abundante, principalmente nas searas. Temos também o Muscari neglectum (cebolinho-de-flor-azul, nazareno), mais raro mas mais parecido com as plantas que se usam em jardim (que deve ser Muscari armeniacum).
"Descobri" esta plantinha há três ou quatro anos. Alguém me deu alguns bolbos. Comecei por achar piada às folhas, longas e pendentes, mas quando surgiram as primeiras flores fiquei encantado. Também tenho a espécie autóctone Muscari neglectum, quer no jardim, quer em vaso. É igualmente bonito mas a haste floral é mais pequena, menos vistoso e quase roxo. Produz muitas sementes e é fácil de multiplicar.
A multiplicação dos muscari é mais fácil através dos pequenos bolbos, que aumentam em quantidade a olhos vistos. Além de já ter dado bolbos a "meio mundo" já aparecem muscari por todo o lado, quase como uma praga. Estas plantas perdem a parte aérea no inverno. É a melhor altura para recolher os bolbos. Depois esqueço-me deles. Quando os encontro estão misturados com crócus, tulipas, jacintos, crocosmia, esparáxis, gladíolos, ixias, tritónia... como não é fácil distingui-los... lá vão todos para a terra e seja o que Deus quiser. Não é necessário retirar os bolbos da terra mas a cada 2/3 anos convém a arrancar e plantar os bolbos mais espaçados, para crescerem mais e darem plantas maiores.
Há algum tempo começaram a aparecer fotografias de muscari branco. Numa troca recebi alguns bolbos que trato com muito cuidado. As plantas parecem ser mais delicadas do que as suas irmãs azuis e pouco têm crescido. Neste inverno vão abandonar o pequeno vaso em que se encontram. Talvez seja por estarem muito confinados que não ficam fortes e com bolbos de maior calibre. Também existe a cor azul bebé, noutros tons de azul, e rosa, mas só os vi em fotografia.
Espécie autóctone Muscari neglectum
Esta é uma planta que floresce no início da primavera. Faz companhia às tulipas, jacintos, narcisos, etc. As suas flores minúsculas são encantadoras. Cresce bem em vaso ou no jardim, não sendo nada exigente em solo ou em rega. Está melhor ao sol, ou meia sombra. Tem tudo para ser uma planta popular, pelo menos mais do que o que é atualmente. Talvez seja porque nem os viveiros, nem as grandes superfícies a costumam vender. É demasiado singela.
Eu vou continuar a investir nesta espécie. É bonita e não dá trabalho.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Jardim todo o ano – Fevereiro


Fevereiro chegou ao fim sem a tão esperada chuva que se tem feito esperar todo o inverno. Assim, este que seria um mês de alguma transição acabou por ser seco e “quente” com reflexos nas plantas, sem sempre positivos.
Fevereiro é o mês dos bolbos. Os cantos do jardim que pareciam despidos ganham vida, um jardim todo o ano tem que ser assim, ter espécies que emprestam beleza e cor em diferentes meses do ano.
A bergénia foi uma das primeiras a enfeitar o jardim com as suas belas flores cor-de-rosa. Só tenho uma planta e pequena, não a posso deixar esticar. É uma espécie que não dá qualquer trabalho. Apenas corto as folhas velhas e ela mantêm-se viva e bonita, florescendo todos os anos.
Outra espécie que floriu bastante foram os crócus. Tinha-os espalhados por vários locais, mas tenho-os agrupado todos num pequeno quadrado de terra. Os bolbos são muito pequenos e como ando sempre a plantar facilmente os arrancava sem dar conta. É bom saber com precisão onde é que eles estão. Mesmo esse pequeno espaço que lhes pertencia já tem alguns semprevivos pelo meio. Estou a tentar mudar todos os semprevivos para o solo, mas é uma tarefa gradual. Infelizmente os melros não são meus aliados: de cada vez que eu os planto, eles vêm arranca-los. São muito persistentes e mesmo tratando-se de semprevivos, alguns não aguentam.
Os primeiros narcisos floriram, mas a floração vai arrastar-se durante o mês de março. Os primeiros a florirem são espécies autóctones que já estão ambientadas no jardim. Tenho também uma variedade de flores pequenas, que floresce sempre primeiro. Ficam muito bonitos em grupo. As prímulas também floriram.
Os amores-perfeitos (pequenos) também começaram a florir. São plantas que nascem na horta e que transplanto para vários pontos do jardim. No jardim não nascem, porque eu não revolvo a terra. Está tudo tão cheio que desde que fiz o jardim, nunca mais o pude cavar. 
Fruto do inverno atípico os lírios começaram a florir mais cedo. Parece-me que a floração vai ser mais escalonada no tempo do que o habitual, o que é bom.
Despontaram muitas tulipas. Não sei se foi a falta de chuva, mas parecem-me muito fracas. Acho que vai ser um mau ano para estas flores. No ano passado foi excecional. 
Também os jacintos floriram. São bolbos que já estão na terra há alguns anos. A maioria das hastes florais são pequenas. São das flores que mais aprecio no mês de fevereiro.
A meu maior interesse pelas orquídeas está a dar algum resultado. Tenho quatro plantas floridas, entre elas uma orquídea sapatinho. É uma estreia absoluta!

Nos arbustos é de referir a Hebe e a Grevília. São dois exemplos de plantas com flores fantásticas, de floração precoce e que atraem para o jardim muitos polinizadores. 
No decurso do mês o jardim foi-se enchendo. O aumento de horas de luz fez crescer a verdura, que não tarda vai-se revelar em flores.
Na horta sobreviveram as couves galegas, bróculos, alho-francês, acelgas e ervas aromáticas, que mesmo sem desenvolverem vão aguentando.
Animado pelos dias amenos fiz sementeira de algumas espécies. Ao longo dos últimos anos fui acumulando sementes de dezenas de espécies, hortícolas e de jardim. Algumas compradas, outras dadas, parte delas recolhidas por mim no jardim. Não as tenho utilizado. As minhas necessidades, por exemplo no que toca a hortícolas é quantidades muito pequenas. Tenho tido alguma resistência a fazer as minhas próprias sementeiras, por exemplo de cebolo, alfaces, beterraba, etc. Com meia dúzia de euros compro as plantas, em cuvetes, prontas a pôr na terra. Semeei alfaces, beterrabas e coentros.  Semeei também algumas espécies de jardim: verbenas, sempriternas e, pela primeira vez, tremoceiro. Foi complicado manter a passarada longe da terra fresca. Vamos esperar pelo resultado.

Na preparação da terra aproveitei para arrancar as raízes de levístico (planta Knorr) para as mudar de lugar. Foi no verão anterior que fiz a sementeira. Não tinha qualquer conhecimento da planta e fiquei com vários exemplares pequenos quer em vasos, quer na horta. Foi uma surpresa quendo perderam toda a parte aérea. Aproveitei esta época de pausa para transplantar as raízes para um lugar mais adequado. Foi uma experiência que não sei se resultará.
Das árvores de fruto pouco posso dizer. À exceção dos citrinos, todas foram podadas em janeiro. Apesar de não ser muito recomendado, não esteve muito frio. A primeira a florir vai ser a nectarina, que já apresenta os gomos inchados. 

Fevereiro é o mês em que começa a floração da amendoeira. Apesar de não ter amendoeiras no meu espaço elas abundam nos campos em redor, tenho mesmo algumas na minha rua. É um espetáculo! É uma das épocas mais bonitas em parte da Terra-Quente Transmontana. É uma atração turística e atrevo-me a dizer que é a maior atração turística da região. É graças à amendoeira em flor, que se escola grande parte da produção de azeite, vinho, frutos-secos, fumeiro e outras iguarias que aqui são produzidas.

Ao longo do mês de fevereiro comecei a “mexer” com as suculentas. Alguns dos vasos que estavam na churrasqueira saíram para a rua. Em algumas noites já não coloquei a manta-térmica nas plantas que estavam no exterior. Enquanto as temperaturas se mantêm no positivo não há grandes problemas para elas. Não presenciei, até ao momento, nenhuma grande geada.

Tenho dado especial atenção aos Aeonium, principalmente Grennovias e aos Orostachys. Estes últimos têm uma forma original de resistirem ao inverno. Fecham-se, vivem das suas reservas, até que as condições lhe sejam de novo favoráveis. Ao longo do mês foram “acordando” e aproveitei para fazer algumas transplantações. Também há alguns Sedum que precisam de cuidado todos os anos. É um género bastante diversificado e se há espécies que não necessitam de qualquer cuidado, outras há que precisam de substrato “fresco” quase todos os anos, ou vão definhando. O Sedum oreganum, o Sedum spathulifolium e o Sedum pachyclados são exemplos em que o sucesso depende muito da atenção que se lhe dá. Novas plantações anuais pode ser a chave do sucesso. Mas também o Sedum dasyphyllum e o Sedum hemsleyanum carecem de bastante atenção.
Março está aí e o jardim vai explodir de cor.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Jardim todo o ano – Janeiro


Janeiro é também um mês de floração das orquídeas

Janeiro é, sem dúvida, o mês em que quer a horta quer o jardim estão mais despidos. São poucas as espécies que crescem e menos as que florescem nos meses mais frios, mas o inverno é atípico e passam-se coisas muito anormais para esta época do ano.
Aeonium arboreum Zwartkop - Tem estado protegido do frio e do sol
No que toca aos canteiros de jardim é de salientar o surgimento dos bolbos plantados no outono: frésias, aémonas, jacintos, gladíolos, tulipas, crocus, muscari, açucenas, etc. É um mês de mudança, quando outra vida desperta. Os poucos espaços do jardim que aparentavam estar vazios ganham vida e redobra-se a esperança de uma primavera farta de flores.
As últimas rosas, antes da poda das roseiras

Talvez fruto do inverno atípico, completamente seco e até algo ameno no que toca a temperaturas negativas, há espécies que continuam em flor, quando deviam ter desaparecido. Estou a falar de crisântemos, cravos-túnicos ou bocas-de-lobo. Tenho crisântemos completamente floridos! Nalguns forcei o seu final, cortando-os pelo colo para estimular a rebentação, mas outros tinham tantos botões que tive pena de os cortar e continuam floridos não imagino até quando.
Cravos-túnicos (tagetes)


Também os cravos-túnicos (tagetes) estiveram sempre e continuam em flor! As suas flores foram mudando, estão hoje mais amarelas e perderam quase toda a cor bordeaux, mas estão lá, enfeitando o jardim.
Sedum palmeri e Cotyledon orbiculata

Finalmente podei as roseiras. Aproveitei as últimas rosas para oferecer à cara metade, que fez anos em meados de janeiro. Já se notavam alguns rebentos e por isso tive mesmo que podar. Dei algumas estacas, a restante madeira foi cortada em pedaços de 15 a 20 cm e vão servir para acender o recuperador de calor no próximo inverno. Todas as folhas foram para a compostagem. 
Bocas-de-lobo

Foi ao podar as roseiras que o jardim se mostrou mais despido. Esta fase também é necessária. Sob as roseiras crescem muitas outras espécies. Quando as roseiras ficam sem folhas é uma oportunidade que têm de receberem mais luz, que este inverno não tem faltado. Luz há muita, mas falta a chuva. Reguei o jardim com alguma regularidade, mais ou menos uma vez por semana, durante todo o mês de janeiro. O solo estava seco e notava alguma dificuldade nos bolbos em irromperem da terra. A rega permitiu humedecer a terra e amaciá-la, tornando o processo mais fácil.
Sedum album 'athoum'

Este ano também estou a dar mais atenção às orquídeas. São flores de que é impossível não gostar. Janeiro também é mês de floração deste género. Os meus exemplares estão bastante fracos. Acho que ainda tenho muito que aprender. No entanto duas plantas já floriram e espero mais flores em breve.
A Epidendrum cinnabarinum não estava a aguentar as temperaturas exteriores. Tive que a recolher, mas ainda sofreu bastante nas folhas jovens. Não sei se vai florir.
Crassula ‘Springtime’

Na horta também aconteceram coisas invulgares. Andei a comer tomates, sem qualquer processo de conservação, durante todo o mês. Os que colhi depois das primeiras geadas foram deixados no exterior e aos poucos foram ganhando cor. Mesmo sem o mesmo sabor não foram desperdiçados. Ainda houve muitos que foram parar à compostagem e já estou à espera de no próximo verão ter uma nova invasão de tomateiros a surgirem por todos os lados.
Echeveria elegans

Plantei os alhos em janeiro! Estive à espera de chuva, que não chegou em dezembro, nem em janeiro. Farto de esperar, optei por plantar os alhos. Durante o mês fiz várias regas e acabaram por “nascer” bem. Nunca me tinha passado pela cabeça, ter que regar os alhos para eles brotarem! 
Colar-de-rubis (Othonna capensis)

Arranquei as últimas cenouras. Na terra restam os alhos franceses, couves galegas, tronchudas, brócolos e nabiças. Começam a desenvolver acelgas e a despontar rúcula. As plantas aromáticas também estiveram em pausa. Estão situadas numa zona de sombra e tiveram fraco crescimento.
Podei as fruteiras com exceção dos citrinos. O pessegueiro recuperou depois de dois anos em que esteve bastante doente com lepra. Tem boa madeira e promete muitas flores. Nem sempre muitas flores equivalem a muitos frutos, mas é um bom começo. Da pereira e na macieira não me posso queixar, 2021 foi um ano excecional, melhor é impossível.
Cotoneaster franchetii

Mantive as tangerinas na árvore até há poucos dias. Isto também porque me têm dado muitas e fui guardando as minhas para quando faltassem. Já estavam a cair ao chão e decidi apanhá-las todas (a árvore é pequena). Foi a única fruta que os pássaros não decidiram comer! Não devem gostar de sabor.
No que toca às suculentas, estão felizes e eu também. Ainda não houve geadas que causem danos elevados. As únicas baixas são naquelas que estão protegidas na churrasqueira! Mesmo sem rega, algumas melaram e as folhas apodreceram. 
Orostachys e Sedum forsterianum

Como estou a testar a utilização na manta térmica, fico sem saber se ela é realmente eficaz. O inverno tem sido anormalmente ameno e mesmo os Kalanchoe têm aguentado em exterior, sem qualquer proteção. Face às temperaturas amenas e dias soalheiros comecei a mudar o substrato de alguns vasos e floreiras feitos há vários anos. Mesmo com poucas exigências de solo as suculentas ficam muito tristes quando ficam mais de três anos com o mesmo substrato. Acho que ao segundo ano atingem o máximo, e depois de três o substrato deve ser mudado. Isto não se aplica aos Aeonium que podem ficar mais anos. Já alguns Sedum e Orostachys pode ser benéfico replantá-los todos os anos.
Os Sedum que perdem a parte aérea durante o inverno estão a regressar: Sedum vistoso, Sedum lineare variegatum, Sedum 'Lime Zinger', ou Sedum takesimense 'Atlantis'.
Crisântemos ainda floridos

As estrelas do tempo frio são os Aeonium (e Greenovia). Há algumas espécies que ganham tonalidades bonitas com o frio. Uma delas é o Sedum luteoviride e outra é o Sedum palmeri. Ao fim de alguns anos quase deixamos de reparar neles! É pena, porque são bastante bonitos.
Os Orostachys estão a despertar. Tal como disse anteriormente, acho positivo arrancá-los, limpá-los e plantá-los de novo. Já comecei a fazer isso, mas há Orostachys espalhados por todos os vasos e até já estão a chegar aos canteiros.
Tangerinas, apanhadas em janeiro

Esta é um pouco da história de janeiro, um mês de espera. Espera pela chuva que teima em não chegar, pelo fim da pandemia que tem registado infeções record na região, espera um clima normal, por uma vida normal seja lá o que isso é. Sempre resta a horta/jardim para largos momentos de evasão e felicidade.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Jardim todo o ano – Dezembro

Vaso de suculentas a meio do mês de dezembro

Estamos prestes a terminar dezembro e com ele o ano de 2021. É a altura de verificar a evolução na horta/jardim e de fazer um balanço ao ano.
Embora se pense o contrário, os anos nunca se repetem e cada dezembro é ele mesmo, por vezes bastante diferente do ano anterior e, certamente do seguinte.
As couves de pensa comidas pelos pardais
As plantas gerem a sua vida com o período da luz, com a temperatura e com a humidade que recebem. O outono foi seco e frio. Só assim foi possível el comer tomates da minha horta no Natal e ainda tenho alguns para o ano novo. Esperei todo o mês pela chuva, que tardou em chegar. Só próximo do Natal caiu água digna do nome de chuva. Tinha pensado plantar os alhos, mas ainda não aconteceu. 
Dezembro foi um mês de limpeza. Arranquei o resto da horta, algumas plantas ainda com flores, mas que já não tinham hipótese. Cortei tudo para a compostagem que ficou a abarrotar. Mais uma vez deitei os tomates verdes (muitos cereja) e fisális para a compostagem. Tenho a sensação de que me vou arrepender… vão nascer pela horta toda, quando espalhar o composto.
As roseiras perderem as folhas, mas ainda não foram podadas. Têm algumas rosas, parte delas bonitas e outras que apodrecem com a humidade. Atraso sempre a poda das roseiras porque não quero que elas rebentem muito cedo, por causa das geadas.
Os diospiros comidos pelos pardais
Também ainda não podei as três videiras que tenho. Não o fiz porque tenho nabiças perto delas e não quis andar a pisá-las, mas já o devia ter feito. 
No pessegueiro cortei os ramos maiores, que cresciam para o centro. Já há dois anos que quase não produz frutos. Foi atacado pela lepra. As folhas caíram todas e a árvore foi enfraquecendo. Este verão, por duas vezes, apanhei manualmente todas as suas folhas, que queimei. Embora a árvore ficasse com um aspeto deplorável, recuperou e desenvolveu muita madeira nova, o que abre boas perspetivas para o próximo ano. O pessegueiro frutifica em madeira do ano anterior. Mais tarde farei uma poda mais aprimorada. 
Bolbos que retirei da terra e que plantei em dezembro

Deixei os dióspiros na árvore, mesmo depois dela já não ter folhas. Queria que chegassem ao Natal, para fazerem de decoração, mas depois das maçãs terminarem os pardais descobriram que os frutos já estavam doces e estavam a come-los todos. Tive mesmo que os apanhar. Nesta altura tenho ainda frutos na tangerineira (já bonitos e comestíveis) e no limoeiro (que no inverno passado sofreu bastante).
As couves de penca cresceram pouco. Os pardais também as comem muito. Tenho ainda na horta, além das nabiças, alho francês, acelgas, brócolos e cenouras.
As rosas mesmo com a chuva são grandes e vistosas

Também no jardim algumas espécies tiveram uma floração atrasada. Os crisântemos ainda estão com muitas flores. O verde ainda não abriu! Estão ainda em flor, os cravos-túnicos, as margaridas-do-cabo, os catos-do-Natal, bocas-de-lobo, calêndula, urze e algumas gazânias.
 Nasceram por todo o lado gazânias, cravos-dos-poetas, esporas e amores-perfeitos. Tenho transplantado alguns amores-perfeitos, as restantes espécies vão ser arrancadas e descartadas quase na totalidade. Já tenho muitos exemplares de cravo-dos-poetas e gazânias. Das esporas deixarei alguma que nasça num local conveniente, uma vez que nascem às centenas.
Allium neapolitanum, Foi o primeiro bolbo a florir

No início do mês comprei 20 metros de manta térmica. Depois de andar vários anos a dizer que era uma solução que não me servia, decidi fazer a experiência. As suculentas sensíveis estão em vasos, taças e floreiras. Os vasos mais pequenos passaram todo o ano dentro de caixas plásticas de fruta. Eu costumo dizer que o meu jardim de suculentas é móvel. Sempre é mais rápido mudar uma caixa com meia dúzia de vasos, do que mudar vaso a vaso. Tem as suas desvantagens: não é bonito e as plantas crescem pouco, devido ao tamanho dos vasos.
Manta térmica que protege as suculentas
Recolhi as espécies mais sensíveis para a churrasqueira, que está fechada, com vidraças. Aqui têm sobrevivido nos últimos invernos. As que já não cabiam foram alinhadas junto a uma parede e tapadas com a manta térmica. Nas duas primeiras noites fez muito vento e a manta ficou com alguns rasgões, mas agora tem-se aguentado bem.
Suculentas protegidas pela manta térmica

Não posso ainda dizer nada sobre a eficiência da manta térmica. Apercebi-me de duas ou três noites de geada mas foi antes do dia 15, ou seja antes de eu a instalar. É habitual haver grandes geadas entre o Natal e o Ano Novo, mas este ano ainda não me apercebi delas. O inverno passado foi o mais frio de todos, desde que me dedico à jardinagem (não chega a meia dúzia de anos).
As suculentas na churrasqueira estão muito viçosas, mas tenho sempre algumas baixas. Apodrecem com excesso de humidade. Aumentar a ventilação, diminui a temperatura. Tenho que procurar um equilíbrio. 
Suculentas dentro da churrasqueira

As plantas que estão protegidas com a manta térmica estão bem. Mesmo as mais sensíveis como os kalanchoe ainda não sofreram danos, mas é como eu digo, as temperaturas ainda não baixaram muito.
Sempre que não chove ou não há nevoeiro levanto a manta térmica para as plantas apanharem mais luz. 
No que toca às suculentas, nesta altura do ano são os Aeonium que se sentem bem. Bem como quem diz… Uma coisa é gostarem de viver na costa do Alentejo ou Algarve, outra é prosperarem em Trás-os-Montes. Tenho bonitos exemplares, dos mais vulgares. Sempre que um deles está com dificuldades, corto é planto uma dezena. Como pegam com facilidade, fico com exemplares para distribuir pelos amigos.
Plantação de Greenovia

Dentro dos Aeonium há também as Greenovia, pequenas, naturais das Canárias, são das minhas favoritas. As plantações correram em e as novas plantas estão em pleno crescimento. Algumas vão florir, paciência. A rosácea que floresce, perde-se.
Estou expectante com algumas orquídeas que vão florir. Embora goste muito de orquídeas é uma área onde tenho pouca experiência e tenho tido receio de me aventurar, mas como me deram algumas mudas, estou com mais entusiasmo.
Bolbos e sementes compradas

Durante este mês plantei bolbos. Alguns comprados, outros que fui recolhendo nalgumas mudas de substrato que fiz. Por norma não retiro nenhum bolbo do jardim. Não tenho problemas com ratos e não apodrecem com facilidade. Os gladíolos, ornitógalos, esparáxis, muscari e os narcisos são as espécies que se multiplicam mais. As tulipas, coroas-de-rei, jacintos, anémonas e os crócus têm-se mantido bem. As dálias têm diminuído. Os ranúnculos desaparecem ao segundo ano!
Comprei novos bolbos de ranúnculos, ornitógalo (amarelo e laranja), tulipas e vários gladíolos pequenos. Foi difícil arranjar um espacinho nos canteiros, mas lá consegui. 
Muitos bolbos já se mostram. Os primeiros foram os muscari, depois os ornitogálos (brancos), frésias, esparáxis, Íris. Há poucos dias surgiram os crocus, os jacintos, narcisos e tulipas. Só mesmo os gladíolos ainda não se mostram.
Artemisia absinthium também conhecida como absinto
Há uma espécie que tenho no jardim há algum tempo e que está muito bonita nesta altura. É uma artemísia. É um arbusto, bastante vigoroso, de cor prata, com um aroma forte. Pertence à à família das Asteraceae (margaridas), mas ao contrário da maioria das suas parentes tem flores insignificantes, quase invisíveis. A artemísia também pode receber o nome de absinto (Artemisia absinthium). O seu nome em latim faz lembrar a deusa grega Ártemis e não é por acaso. Tem utilização medicinal e é usada para o fabrico da bebida absinto.
Arranjo de Natal com suculentas e primúlas
O mês de dezembro foi também mês de arranjos de Natal. Há dois ou três anos que os faço com suculentas, mas este ano o desafio era introduzir outros tipos de plantas. Pensei nalguns arranjos mas tinha de comprar vasos com espécies pequenas para fazer os arranjos. Não as consegui encontrar. A solução voltou a ser suculentas. Estas aguentam bem um mês sem raízes. Ficam um pouco deformadas pela falta de luz em interior, mas nada se perde. Quando chegarem os Reis vão ser transplantadas para vasos e floreiras mais espaçosos.


quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

O que é uma planta suculenta?

Suculentas (do latim: succos = suco, seiva) são plantas pertencentes a mais de 60 famílias e de 300 géneros que desenvolveram tecidos de armazenamento de água especiais, em folhas espessas ou dilatadas, caules ou raízes, como uma adaptação aos climas áridos de desertos e semi-desertos.
Muitos destes habitats estão associados com altas temperaturas diurnas e mecanismos especiais evoluíram para recolher e conservar a umidade limitada que está disponível, às vezes apenas no orvalho, névoa e nevoeiro. Ao fazer com que o máximo da escassa humidade fique disponível, as suculentas podem sobreviver em habitats que são demasiado secos para a maioria das restantes plantas.
Folha suculentas: As folhas são quase inteiramente composto por células de armazenamento de água cobertos por uma fina camada de tecido fotossintético.
Exemplos: aloés, Haworthia, Lithops, Sempervivum.
Caules suculentos: Carnosas hastes contêm células de armazenamento de água sobrepostos por tecido fotossintético. As folhas estão quase ou totalmente ausente, reduzindo a área de superfície para evitar a perda de água por evaporação. Exemplos: a maioria dos cactos, Euphorbia obesa, Stapelia.
Raízes suculentas: Raízes subterrâneas carnudas e inchadas armazenam água longe do calor do sol e de animais famintos. Hastes e folhas são muitas vezes caducas e caiem durante estações secas prolongadas. Exemplos: Calibanus hookeri, Fockea capensis, pterocactus kunzei, peniocereus viperinus.
Suculentas caudiciformes: Suculentas que armazenam água em simultâneo em raízes e caules dilatados, com podendo ter folhas caducas ou folhas suculentas carnudas de longa duração. Exemplos: Ceraria pygmaea, tylecodon, Cyphostemma juttae.
Suculentas halófitas são capazes de sobreviver em ambientes marinhos deserto ou salgadas por resistência bioquímica de sal, capturando o sal a partir do citoplasma em vacúolos especiais ou excretando sal. Exemplos: salicornia, sarcocornia.
Os tipos acima podem ocorrer em combinação, utilizando mais do que um órgão para armazenar água.

Traduzido para português  a partir do texto do sítio:
http://succulent-plant.com/succulent.html