sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Rocoto montúfar


Hoje vamos aprender alguma coisa sobre os Rocotos, mais propriamente sobre o Rocoto montúfar.

Como é o primeiro Rocoto que estou a investigar, convém saber algo mais sobre eles, uma vez que fogem um pouco áquilo que estamos mais habituados, ou seja os Capsicum annuum. Os rocotos são de outra espécie, chamada Capsicum pubescens. Isto muda tudo, como veremos a seguir. 

As folhas e os caules são pubescentes. Apresentam pequenos pelos (como as urtigas). As flores são grandes, roxas, nesta variedade ligeiramente inclinadas para baixo e não abrem completamente. A planta é baixa (cerca de 60 cm) e compacta. Os frutos crescem pendurados por baixo dos ramos laterais, formando-se verdes e apresentando um vermelho intenso quando maduros. 

Deve ser cultivado a meia sombra, mas o meu exemplar esteve exposto ao sol direto, desde o nascer até meio da tarde, com temperaturas a rondar os 40 graus. Penso que o facto de ser uma planta baixa e compacta lhe conferiu alguma proteção.

É originário do Equador, mais concretamente da região de Montúfar. Cresce em altitude muito acima do 1000 metros e, no seu ambiente natural, pode produzir durante vários anos, formando uma pequena árvore. Terá alguma resistência ao frio; não sei se suportará as geadas transmontanas.

É apontada como tardia, mas foi das primeiras a produzir frutos e a primeira no grupo dos Rocotos. A produção é abundante, os frutos medem até 8 cm de comprimento e são muito, muito suculentos. Tão suculentos que comecei a salivar mal abri um ao meio. Apresentam um número reduzido de sementes, quando comparados com outras pimentas. As sementes são negras (outro aspeto bem diferenciador dos Rocotos). Pelo que li, a germinação não é das mais difíceis.

Estarão a pensar - Deve arder nas horas! Sou suspeito, mas já comi os primeiros, ao natural, sem nenhum tratamento. As fontes online não são uniformes na indicação da ardência desta variedade. Dão-lhe um nível 9 ou 10 em 10, e usando a escala de Wilbur Scoville o leque vai de 30 mil a 800 mil SHU (unidades Scoville). Acho que se deve esperar um considerável teor de ardência, acompanhado de uma polpa grossa, sumarenta, aromática com sabor a cereja.

Estou um pouco indeciso sobre a forma de usar estes frutos. Para os mais atrevidos na cozinha devem procurar saber sobre Rocoto relleno (#RocotoRelleno), prato originário do Perú, à base de Rocotos. Parece-me demais para os meus dotes culinários. Podem também ser usados para fazer molhos, chutney, ketchups, flocos,... 

Para aproveitar a sua suculência podem ser utilizados em cru, nas saladas, ou para fazer refogados com carne. Parece-me um desperdício secar os frutos.

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