sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Pimenta Aji Lemon Drop

Pimenta Aji Lemon Drop
Está a terminar a época das pimentas e eu ainda não "dei volta" a metade das cultivares que plantei durante o passado verão! A verdade é que nem todas produziram. Também o tempo tem sido escasso.
Hoje vou fazer uma síntese sobre a pimenta Aji Lemon Drop. Nem sempre os nomes que uso são os únicos. Como já repeti muitas vezes sou principiante no cultivo de pimentas e uso os nomes com que as plantas ou sementes me foram fornecidas.
Flor da Pimenta Aji Lemon Drop
A Aji Limo é uma pimenta bastante conhecida, mesmo antes de Cristo, com origem no Perú. O nome "Lemon Drop", gotas de limão, este bastante recente, já diz alguma coisa sobre ela. Não só a cor é muito bonita, amarelo vivo, como apresenta um sabor e aroma cítrico.
Pimenta Aji Lemon Drop jovem
A Aji original trata-se de uma cultivar da espécie Capsicum chinense mas esta classificação não é pacífica, aparecendo muitos vezes como uma Capsicum baccatum. Há mesmo quem defenda que são duas cultivares distintas: a baccatum será a de frutos amarelos (sendo que Limo vem da cidade de Lima e não de limão) e a chinense apresenta frutos de outras cores, como o laranja e vermelho, considerada no Perú a verdadeira Aji Limo. O mais certo é serem duas pimentas distintas.
Pimenta Aji Lemon Drop
A planta de Aji Lemon Drop pode atingir mais de uma metro de altura. A minha está em vaso e tem cerca de 80 cm. É bastante produtiva, variando os frutos ao amadurecerem do verde ao amarelo, ligeiramente enrugados, com 5 a 8 cm de comprimento. As pimentas têm a polpa muito fina, fazendo com que sejam ótimas para secar.
Pimenta Aji Lemon Drop (amarela) Pimenta Pequin
Quanto à ardência ela é considerada média, com indicação de 15 mil a 50 mil unidades de ardência. Comparada com a maioria das que já testei, achei que era mais do que suficiente, estando mesmo acima do que é agradável para mim.
Pimenta Aji Lemon Drop
Não tenho tradição de uso de pimentas na culinária (apenas conhecia a malagueta!) e não sou a pessoa indicada para falar sobre as utilizações desta pimenta, mas no Perú (a original) é utilizada para ceviche. O médio teor de ardência e o sabor cítrico da Lemon Drop tornam-na indicada para saladas, pratos de peixe, de frango, ou até para temperar pipocas! A cozinha oriental parece tê-la adotado.
Pimenta Aji Lemon Drop (amarela). RB203, Carolina Reaper, Brazilian Starfish White, Rocoto montúfar
Porque é que eu escolhi a Lemon Drop? Pois, sem nunca a ter provado, escolhi-a pela sua beleza. É uma planta bastante bonita, com as pimentas penduradas como pequenas bananas. Se protegida das geadas, pode durar vários anos. O meu exemplar ainda tem muitos frutos, mas como está em vaso, já está recolhido. As folhas já acusam as temperaturas da época, amarelecem e caem. Algumas cultivares de pimentas já estão a morrer com as temperaturas frias que ocorrem durante a noite.
Pimenta Aji Lemon Drop
Quem procura ardor forte, esta não é a cultivar indicada. Quem procura variedade, beleza, ardência média e uma pimenta para temperar quase tudo sem grandes cuidados, esta é uma das possibilidades.

domingo, 13 de outubro de 2024

Pimenta RB003


Os entusiastas de pimentas não me levam a sério enquanto eu continuar a publicar pimentas bonitas, altamente decorativas, mas com baixo teor de ardência. É que, também no cultivo de pimentas, há primeira, segunda e terceira liga e eu ainda não apresentei uma pimenta digna da primeira liga. Vai ser hoje.

Há malaguetas, piripíri e jindungo por todo o lado, mas quando falamos no Top, os nomes são outros: 7 Pot, Naja, Reaper, Moruga, Mama, Borg, Jigsaw, etc. São as chamadas pimentas nucleares. mas o que é isso? Já devem saber que a pungência/ardência das pimentas pode ser medida. Uma das escalas mais usadas é a criada por Scoville, em 1912. A escala ficou com o nome dele e ainda hoje é usada (com algumas adaptações). É considerada pimenta nuclear aquela que atinge UM MILHÃO de unidades de ardência na escala de Scoville! Se pensarmos que uma tradicional malagueta anda pelas 50 mil, vemos quanto explosivas são as pimentas nucleares!

Depois desta introdução, a pimenta de hoje é conhecida por RB003, mais ou menos como o Agente Secreto! RB tem a ver com Ross Barber (ross_phenos_and_crosses_barber no Instagram), seu criador. E quais são os pais da RB003? É nada menos do que um híbrido de uma Carolina Reaper e uma 7 Pot Primo Brain Strain. De alto potencial genético, só pode sair algo muito caliente.

Não é apenas uma pimenta super picante, os frutos são lindos, a produção abundante e a planta robusta. Não há muito escrito sobre ela mas sendo filha de pais famosos os amantes das pimentas estão à vontade com ela.

Foi uma das pimentas que cresceu mais rapidamente e se encheu de flores. Como a planta não estava identificada, fiquei muito satisfeito por achar que seria a Carolina Reaper, estrela das estrelas, mas vim a saber depois que seria apenas meia Carolina. Para um principiante como eu é normal confundir as duas, mas agora já consigo ver algumas diferenças: A RB003 é mais enrugada e maior. 

O pedúnculo prende-se ao fruto por um cálice maior. A Carolina Reaper parece-me ser mais brilhante, mas talvez eu tenha colhidos os primeiros frutos da RB003 antes da maturação plena. Com a chuva que tem feito o melhor é não facilitar.

A RB003 é da espécie Capsicum chinense. As suas flores são brancas parecidas com as da Capsicum annuun, mas a folhagem é completamente diferente. As folhas são maiores, algo enrugadas. A minha planta está no solo e tem perto de um metro de altura. Esteve sempre exposta ao sol, a maior parte do dia. Alguns frutos não gostaram do sol direto e ficaram algo queimados, ainda verdes.

O texto já vai longo e ainda não falei da minha experiencia na prova da RB003. Pois... não posso dizer que tudo correu às mil maravilhas. Fiz o mesmo procedimento, mas esta eu não consegui mastigar. Mal toquei com ela nos lábios, parece que estes saltaram. Ainda toquei com a língula, mas já não consegui trincar. 

Foi a primeira vez que isso me aconteceu! Não há indicação precisa da sua classificação na escala de Scoville, mas há quem fale em 2 milhões, tal e qual a sua "mãe" Carolina Reaper. Será utilizada em molhos, diluída em azeite. Esta está além daquilo que consigo suportar.

A minha colheita cinge-se a meia dúzia de frutos, mas a planta tem muitos e continua a florir. Vamos ver até onde a sua produção chega.

sábado, 12 de outubro de 2024

Pimenta Karneval yellow


As pimentas vão amadurecendo e hoje tenho várias de que gostaria de vos falar, por isso, a escolha não é feita pela disponibilidade, mas sim pela cor. Vamos falar de uma pimenta amarela, só porque ainda não apresentei nenhuma desta cor.

Mesmo sem querer, ou talvez por partida do meu subconsciente, a Karneval yellow é uma bonita pimenta, com grande potencial decorativo.

A Karneval yellow não é uma espécie mas uma cultivar da espécie Capsicum annuum. É bom saber que há Karneval de diversas cores, vermelha, laranja e amarela são as mais correntes. As Karneval são plantas muito baixas, consideradas mesmo anãs, com flores brancas, de alguma dimensão e frutos cónicos, abundantes e vistosos. Devido às caraterísticas da planta, sou capaz de recomendar o cultivo em vaso, uma vez que no solo fica muito baixa. Com as chuvas dos últimos dias as minhas apanharam alguma terra que saltou devido ao impacto das fortes gotas. Se a planta já é baixa e ainda é plantada num rego, então ainda pior.

Como vistosa que é, independentemente da cor dos frutos, cultivada em vaso pode ser transportada para onde fique melhor. Os frutos crescem "espetados" sobre a planta, o que lhes confere maior beleza. Gosta de sol, por isso deve-se procurar um lugar para ela onde tenha pelo menos algumas horas de sol direto.

O corte dos frutos estimula novas florações, por isso não é conveniente ficar a admirar os frutos até eles caírem de maduros. Estes não são muito carnudos, mas têm uma boa quantidade de sementes. Não foi possível encontrar uma indicação precisa da escala de ardência mas há quem a situe nos patamares baixa a média-alta. 

O que posso dizer por experiência própria é que me surpreendeu. Não estava a contar com tanta ardência numa pimenta considerada decorativa. Tudo depende da tolerância e hábito. Eu situo-a entre baixa e média, agradável, sem incomodar muito.

Deve ser uma das cultivares mais vendidas como decorativas. Curiosamente os mais conhecidos vendedores de sementes em Portugal não a têm nas suas ofertas!

A germinação foi fácil e o desenvolvimento das plantas também. Não gostam de encharcamento e os meus exemplares não ficaram no melhor local, mas aprendi a lição.

Nota: Todas as pimentas decorativas são comestíveis, mas há alguns cuidados a ter. Quando compramos uma planta num horto, ou floricultura, não sabemos a que tratamentos foi sujeita. Por isso é um perigo comer as pimentas de imediato. Talvez seja conveniente esperar 15 a 20 dias e, mesmo assim, lavar as pimentas muito bem. Há picante e "picante".

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Purple Flash Pepper


A pimenta Purple Flash tem um nome bem ilustrativo. É uma pimenta decorativa em que o principal destaque vai para a cor púrpura das suas folhas (flores e frutos). Ganhou o prémio American Garden Award em 2010.

A Purple Flash pertence à espécie Capsicum annuum. Atinge pouco mais de meio metro de altura, é tolerante à seca e deve ser cultivada ao sol. É bastante resistente ao calor. A estrutura da planta está organizada por camadas o que lhe confere um aspeto muito atraente. As folhas, além da cor púrpura, podem também apresentar branco e rosa, principalmente nos ramos mais baixos ou nas folhas mais jovens.

Tratando-se de uma pimenta com grande interesse decorativo há toda a vantagem em a plantar em vaso (15 a 20 cm), ou então no solo, mas onde fique exposta, em bordadura ou em maciços. Quem tiver interesse nas pimentas pela ardência dos seus frutos, opte por outras variedades, esta é uma planta bonita e vale por isso.

As flores são roxas, pequenas. Os frutos, redondos, brilhantes, negros/roxos e ficam vermelhos quando maduros. Têm aproximadamente 1 cm de diâmetro (os maiores) e formam-se voltados para cima.

Os frutos não têm grande interesse. Achei que têm até um sabor algo desagradável, mas talvez não estivessem bem maduros. O mesocarpo é fino e o interior está repleto de sementes brancas. Alguns sítios web não recomendam o seu consumo! 

Quanto à ardência, ela sente-se mas nada que se compare a uma malagueta. Algumas fontes classificam-na como muito forte, mas não foi o que eu senti.

Dado o tamanho e composição dos seus frutos, não encontrei utilizações culinárias específicos, mas podem ser utilizados como qualquer outra pimenta em molhos, temperos, secagem…

É das minhas plantas preferidas!!

Biquinho Red


Escolhi para hoje a pimenta Biquinho Red. Foi uma das primeiras a produzir frutos maduros e é bastante bonita. O nome já diz muito sobre as pimentas: são pequenas, < 3 cm, têm a forma de uma lágrima e cor vermelho brilhante. 

Curiosamente durante o crescimento passam do verde ao branco e só depois ao vermelho. Cheguei a pensar que me tinha enganado na variedade. Existem também a Biquinho white (branca), orange (laranja) e yellow (amarela). Isso também mostra o papel decorativo que esta pimenta pode ter, não tanto a planta em si (mesmo sendo muito boa para ter em vasos), mas sim o fruto, que pode ser usado para decorar diferentes pratos e saladas.

Não é uma pimenta para os amantes do picante, mas os frutos apresentam um sabor defumado e frutado. Em termos de ardência situa-se entre as 500 e as 1000 unidades na escala de Scoville, ou seja cerca de 50 vezes menos do que a malagueta. São frutos para serem comidos crus, cozidos, em decoração dos pratos (por exemplo, pizzas), ou também em conserva. No Brasil, país onde esta variedade é muito popular são conservados em cachaça (da cana-de-açúcar) e vinagre. Pode ser que algum "Aprendiz" do Brasil nos dê uma receita.

Em termos botânicos as Biquinho são Capsicum chinense, caraterizados não pelo ardor, mas sim pelos sabores frutados, como as Habanero. A planta pode chegar perto dos 80 cm de altura, mas são bastante compactas, adaptam-se bem em vasos. 

A produção de frutos maduros pode levar 90 dias, ou mesmo mais. Como a germinação é lenta, podendo durar 4 semanas, a sementeira deve ser feita o mais cedo possível, alguns dias antes das últimas geadas, a partir do final de janeiro. A sementeira direta não é recomendada.

Vou abrir alguns frutos maduros para retirar as sementes. Com os restantes penso fazer pickles. Gosto muito de pimentas em vinagre, mas estou à espera que os Jalapeño atinjam o ponto. Poderei fazer pickles com várias pimentas de baixa ardência.

Nota: Já depois de ter escrito o texto fiquei a saber existem também as cores salmão, roxa e preta. De algumas das cores há a variante sem e com ardência! Quanto aprendemos!

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Rocoto montúfar


Hoje vamos aprender alguma coisa sobre os Rocotos, mais propriamente sobre o Rocoto montúfar.

Como é o primeiro Rocoto que estou a investigar, convém saber algo mais sobre eles, uma vez que fogem um pouco áquilo que estamos mais habituados, ou seja os Capsicum annuum. Os rocotos são de outra espécie, chamada Capsicum pubescens. Isto muda tudo, como veremos a seguir. 

As folhas e os caules são pubescentes. Apresentam pequenos pelos (como as urtigas). As flores são grandes, roxas, nesta variedade ligeiramente inclinadas para baixo e não abrem completamente. A planta é baixa (cerca de 60 cm) e compacta. Os frutos crescem pendurados por baixo dos ramos laterais, formando-se verdes e apresentando um vermelho intenso quando maduros. 

Deve ser cultivado a meia sombra, mas o meu exemplar esteve exposto ao sol direto, desde o nascer até meio da tarde, com temperaturas a rondar os 40 graus. Penso que o facto de ser uma planta baixa e compacta lhe conferiu alguma proteção.

É originário do Equador, mais concretamente da região de Montúfar. Cresce em altitude muito acima do 1000 metros e, no seu ambiente natural, pode produzir durante vários anos, formando uma pequena árvore. Terá alguma resistência ao frio; não sei se suportará as geadas transmontanas.

É apontada como tardia, mas foi das primeiras a produzir frutos e a primeira no grupo dos Rocotos. A produção é abundante, os frutos medem até 8 cm de comprimento e são muito, muito suculentos. Tão suculentos que comecei a salivar mal abri um ao meio. Apresentam um número reduzido de sementes, quando comparados com outras pimentas. As sementes são negras (outro aspeto bem diferenciador dos Rocotos). Pelo que li, a germinação não é das mais difíceis.

Estarão a pensar - Deve arder nas horas! Sou suspeito, mas já comi os primeiros, ao natural, sem nenhum tratamento. As fontes online não são uniformes na indicação da ardência desta variedade. Dão-lhe um nível 9 ou 10 em 10, e usando a escala de Wilbur Scoville o leque vai de 30 mil a 800 mil SHU (unidades Scoville). Acho que se deve esperar um considerável teor de ardência, acompanhado de uma polpa grossa, sumarenta, aromática com sabor a cereja.

Estou um pouco indeciso sobre a forma de usar estes frutos. Para os mais atrevidos na cozinha devem procurar saber sobre Rocoto relleno (#RocotoRelleno), prato originário do Perú, à base de Rocotos. Parece-me demais para os meus dotes culinários. Podem também ser usados para fazer molhos, chutney, ketchups, flocos,... 

Para aproveitar a sua suculência podem ser utilizados em cru, nas saladas, ou para fazer refogados com carne. Parece-me um desperdício secar os frutos.

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Pimentas e pimentos

 Conjunto de pimentas e pimentos colhidos na horta. Os pimentos doces foram comprados no ano passado no Lidl (Mini Pimentos Mix). Guardei as sementes que este ano semeei.

Os pimentos Padrón, supostamente têm alguma ardência quando estão maduros. Deixei-os amadurar bem, para recolher as sementes.

O Rocoto Montúfar é bastante suculento
É impressionante o tamanho da pimenta Candy Cane Chocolate, quando comparada com as restantes, mesmo com os pimentos.